Ana Soares

Ana Soares

Basta de irresponsabilidade!

Dor. Tristeza. Angústia. Impotência. Raiva. Exigência de - já que não se podem trazer as vítimas dos fogos de novo à vida, já que não se pode recuperar tudo o que as chamas devoraram ferozmente - ter a certeza que não volta a acontecer e que os erros que existiram, não só são corrigidos, como os seus responsáveis são, passo a redundância, responsabilizados. Mas contrariamente às imagens e testemunhos que nos chegam de momentos vividos terríveis, as certezas que desejo, além de não chegarem, teimam em não se vislumbrar sequer. Haja vergonha! O que se exige não é um favor, é uma consequência que só (des) qualifica quem não a tem por iniciativa própria!

Ser responsável por uma área governativa exige, acima de tudo, responsabilidade. E responsabilidade não é sinónimo de lágrimas, sorrisos ou de presença. Responsabilidade é uma forma de estar, de agir, e quem não a exerce (porque de palavras está o Inferno cheio) não a pode exigir aos outros. E quando um dirigente, além de não fazer o seu trabalho, não tem condições para fazer com que os seus subordinados cumpram os seus deveres, é mais do que uma pedra no sapato. É contraproducente, é incompetente, é incapaz.

Estamos a falar do Estado, a quem compete – em primeira medida – garantir a segurança dos seus Cidadãos e do seu património. E não, não compete aos Cidadãos substituir o Estado, sobretudo na altura em que estão mais frágeis. Senão… Para que serve o Estado? Para onde vão os impostos que cada vez mais pagamos e que, por irem para o Estado, até nos impedem tantas vezes de comprar até utensílios que, no limite, serviriam para nossa própria proteção?

Não me interessa a cor política do Governo. Importam-me as vidas que são insubstituíveis e que para sempre se perderam. Importam-me as empresas, as casas, os bens das pessoas que se perderam ou que, por pouco, não foram consumidas pelas chamas. Importa-me a angústia que tanta gente sentiu e que para sempre ficará marcada nas suas vidas. Importam-me as pessoas, não os tachos.

E não. Não basta acenar com a concretização das medidas propostas no Relatório da Entidade Independente ou com a correção dos erros lá apontados. Era o que mais faltava que assim não fosse! Se existe uma cadeia de comando, seja política seja operacional, há que assumir responsabilidades. E ser responsável é reconhecer os erros, pedir desculpa e sair, na esperança que o sucessor dê conta do recado. Mas este é apenas o primeiro passo. Porque tem que se seguir a responsabilidade disciplinar, criminal e cível para quem for responsável nas diferentes vertentes.  

Porque não é de números de hectares de floresta que falamos apenas. É de pessoas. E a vida humana vale mais que todos os períodos de férias que há na vida, vale mais que um cargo ministerial no curriculo. Porque há quem tenha perdido tudo na vida e, pior, quem até a vida tenha perdido. Se há inevitáveis há erros que não se podem perdoar. E menos a sua repetição.

CHEGA!

Sentimentos às Famílias e Amigos de quem faleceu, muita coragem e força para quem tem que reconstruir o que é seu.


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